.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Argentina e a Geração de Ouro

Argentina y la Generación de Oro
Argentinean Basketball History

O basquete da Argentina ficou fora dos Jogos Olímpicos entre 1956 e 1992. Classificou-se para as Olimpíadas de 1996, mas eliminado na 1ª fase ficou tão só em 9º lugar. Em 2000, voltou a não conseguir a classificação para as Olimpíadas. Em Campeonatos Mundiais, desde o distante título na 1ª edição do torneio em 1950, o melhor que conseguiu foi um 8º lugar, jogando em casa, na edição de 1990, jogada no Luna Park, em Buenos Aires. Por este histórico, Olímpico e em Mundial, por mais que alguns argentinos viessem se destacando na Liga Espanhola, não se poderia colocar o grupo argentino entre os favoritos no Mundial de 2002. Entre as estrelas desta geração, Pepe Sanchez e Manu Ginobili estavam com 25 anos em 2002, Luis Scola estava com 22. Pepe Sanchez era o único que já havia chegado à NBA, com passagens discretas por Philadelphia 76ers e Atlanta Hawks.

Mas naquele ano, no Mundial jogado em Indianápolis, aqueles "muchachos" começariam um novo capítulo na história do basquete mundial.

A Argentina estava no Grupo D. Na estréia arrasou a Venezuela por 107 x 72, depois passou com autoridade pelo tradicional time da Rússia, vitória por 100 x 81. No último jogo da primeira fase, o time voltou a arrasar um adversário, vencendo a Nova Zelândia por 112 x 85.

Na segunda fase, os Grupos C e D se cruzavam, com o último colocado da 1ª fase sendo eliminado. O último do Grupo C fora a Argélia. A Argentina teria pela frente duelos com China, Alemanha e Estados Unidos, que desde 1992, quando começou a usar jogadores da NBA, nunca havia perdido um jogo sequer.

Os argentinos continuaram implacáveis: 95 x 71 na China e 86 x 77 na Alemanha. Garantiram-se assim nas Quartas de final e teriam os EUA, também já classificado, pela frente. Uma noite histórica, em 4 de setembro de 2002, na mesma Indianápolis onde o Brasil havia vencido os EUA em 1987, na primeira vez que os norte-americanos perderam um jogo de basquete dentro de seu próprio território. Naquela noite, a Argentina, com uma atuação fantástica, conseguiu o impensável, venceu os EUA por 87 x 80, na primeira derrota de um selecionado de jogadores da NBA.

Ficha do jogo:
ARGENTINA: 87
Pepe Sanchez (9), Manu Ginóbili (15), Hugo Sconochini (7), Fabricio Oberto (11) e Ruben Wolkowisky (9). Alejandro Montecchia (0), Gabriel Fernández (2), Andrés Nocioni (14), Leandro Palladino (7) e Luis Scola (13). Lucas Victoriano (--) e Léo Gutiérrez (--).
Téc: Ruben Magnano
EUA: 80
Andre Miller (14), Paul Pierce (22), Reggie Miller (5), Michael Finley (14) e Ben Wallace (3). Baron Davis (7), Elton Brand (0), Shawn Marion (4); Jermaine O'Neal (8) e Antonio Davis (3). Jay Williams (--) e Raef LaFrentz (--)
Téc: George Karl

Site da NBA: "Um golpe escutado ao redor do mundo" 

Nas Quartas de final, a Argentina venceu o Brasil por 78 x 67. Voltou a enfrentar a Alemanha na semi-final: 86 x 80. Teria reencontrado os EUA na final, mas os norte-americanos, depois de serem surpreendidos pelo time da Argentina, sentiram o golpe e, abalados, voltaram a perder nas quartas-de-final: 81 x 78 a favor da Iugoslávia no placar. Os iugoslavos superaram a Nova Zelândia na semi-final e a final seria entre os dois times que haviam derrubado os jogadores da NBA: Iugoslávia 84 x 77 Argentina, na prorrogação. A surpreendente equipe da Argentina acabou Vice-Campeã Mundial.


Se havia ficado alguma dúvida sobre a força daquele time treinado por Rubén Magnano, se alguma voz insensata ainda fosse capaz de dizer que aquele 04 de setembro foi acaso, os argentinos trataram de repetir o feito, para não deixar sombra de suspeita, e agora em pleno Jogos Olímpicos, em Atenas 2004. E desta vez, mostrando do que era capaz, para faturar a Medalha de Ouro, coisa que só União Soviética (1972 e 1988), Iugoslávia (1980) e Estados Unidos (em todas as outras edições) conquistaram até então.

Nos Jogos de 2004, o time na 1ª fase venceu sua algoz no Mundial 2002 logo na estréia, vitória de 83 x 82 sobre a Iugoslávia; na segunda rodada, derrota para a Espanha por 87 x 76, vitórias por 82 x 57 sobre a China e 98 x 94 sobre a Nova Zelândia, nova derrota, agora para a Itália, por 76 x 75. Terminou a 1ª fase em 3º lugar no grupo. Nas Quartas de final, venceu a Grécia por 69 x 64. O adversário na semi-final era os EUA, que havia superado a Espanha por 102 x 94 nas quartas. É dispensável falar o que a Olimpíada representa na história do basquete dos EUA. Era dia 27 de agosto de 2004, e a Argentina, como fizera em 2002, venceu de novo! E quase pelo mesmo placar!

Ficha do jogo:  
ARGENTINA: 89
Pepe Sanchez (4), Manu Ginóbili (29), Andrés Nocioni (13), Fabricio Oberto (6) e Luis Scola (10). Alejandro Montecchia (12), Gabriel Fernández (1), Hugo Sconochini (0), Wálter Herrmann (11) e Ruben Wolkowisky (3). Carlos Delfino (0) e Léo Gutiérrez (--).
Téc: Ruben Magnano
EUA: 81
Allen Iverson (10), Stephon Marbury (18), Lamar Odom (14), Shawn Marion (9) e Tim Duncan (10). Dwyane Wade (2), LeBron James (3), Richard Jefferson (7), Carlos Boozer (8) e Amare Stoudemire (0). Carmelo Anthony (--) e Emeka Okafor (--).
Téc: Larry Brown

A histórica Medalha de Ouro veio numa imponente vitória por 84 x 69 sobre a Itália. O mundo do basquete parecia ainda duvidar do talento deste time antes dos jogos de 2004, pois só após o Ouro, esta geração chegou À NBA. Após 2004 não restou qualquer dúvida, era uma geração de foras-de-série. Um time para a história!


Após as Olimpíadas, Ruben Magnano deixou a seleção e foi substituído por Sérgio Hernández. A Argentina seguiu no topo, ainda conseguiu uma Medalha de Bronze em 2008, mas não conseguiu manter os resultados obtidos por Magnano.

No Mundial 2006, ficou em 4º lugar, perdeu a semi-final para a Espanha (75 x 74) e a decisão de 3º lugar para os EUA, que haviam sido derrotados na outra semi-final pela Grécia. A equipe tinha: Carlos Delfino, Manu Ginóbili, Andrés Nocioni, Fabricio Oberto e Luis Scola. Pepe Sanchez, Pablo Prigioni, Gabriel Fernández, Wálter Herrmann e Ruben Wolkowisky. Daniel Farabello e Léo Gutiérrez.

Nas Olimpíadas 2008, caiu na semi-final para os EUA (101 x 81). A equipe tinha: Carlos Delfino, Manu Ginóbili, Andrés Nocioni, Fabricio Oberto e Luis Scola. Pablo Prigioni, Paolo Quinteros, Léo Gutiérrez, Román González e Juan Gutiérrez. Antonio Porta e Federico Kammerichs.

No Mundial 2010, o time jogou sem Manu Ginóbili, e ele fez falta, a equipe ficou em 5º lugar, perdeu nas quartas-de-final para a Lituânia. A equipe tinha: Carlos Delfino, Pablo Prigioni, Hernán Jasen, Fabricio Oberto e Luis Scola. Luis Cequeira, Paolo Quinteros, Marcos Mata, Léo Gutiérrez e Juan Gutiérrez. Federico Kammerichs e Román González.

Depois deste resultado, Sérgio Hernández foi substituído por Julio Lamas como treinador. Nas Olimpíadas 2012, o time perdeu na semi-final para os EUA e a decisão de 3º lugar para a Rússia, ficando com a 4ª colocação.  A equipe tinha: Pablo Prigioni, Manu Ginóbili, Andrés Nocioni, Luis Scola e Juan Gutiérrez. Facundo Campazzo, Carlos Delfino, Hernán Jasen, Léo Gutiérrez e Martin Leiva. Marcos Mata e Federico Kammerichs.

Oberto e Ginóbili no San Antonio Spurs

PEPE SANCHEZ - 1995-1996 Estudiantes de Bahía Blanca; 1996-2000 Temple Owls (EUA); 2000-2001 Philadelphia 76ers (NBA); 2001 Atlanta Hawks (NBA); 2001-2002 Panathinaikos (Grécia); 2002-2003 Detroit Pistons (NBA); 2003 Golden State Warriors (NBA); 2003-2004 Etosa Alicante (Espanha); 2004-2007 Unicaja Málaga (Espanha); 2007-2008 Barcelona (Espanha); 2008-2009 Real Madrid (Espanha); 2010 Obras Sanitarias; e 2011-12 Estudiantes de Bahía Blanca.

MANU GINÓBILI - 1996-1998 Estudiantes de Bahía Blanca; 1998-2000 Reggio Calabria (Itália); 2000-2002 Virtus Bologna (Itália) (MVP da Final da Euroliga 2001); e 2002-2018 San Antonio Spurs (NBA).

LUÍS SCOLA - 1995-1998 Ferro Carril Oeste; 1998-2000 Gijón (Espanha); 2000-2007 Tau Cerámica Saski Baskonia (Espanha) (MVP Espanha 2004-05 e 2006-07); 2007-2012 Houston Rockets (NBA); 2012-2013 Pheonix Suns (NBA); 2013-2015 Indiana Pacers (NBA); 2015-2016 Toronto Raptors (NBA); 2016-17 Brooklyn Nets (NBA); 2017-18 Shanxi Zhongyu (China); 2018-19 Shanghai Sharks (China); 2019-20 Olimpia Milano (Itália); e 2020-21 Varese (Itália).

ANDRÉS NOCIONI - 1996-1997 Olimpia de Venado Tuerto; 1997-1999 Independiente de General Pico; 1999-2000 Tau Cerámica Saski Baskonia (Espanha); 2000-2001 Manresa (Espanha); 2001-2004 Tau Cerámica Saski Baskonia (Espanha) (MVP Espanha 2003-04); 2004-2009 Chicago Bulls (NBA); 2009-10 Sacramento Kings (NBA); 2010-2012 Philadelphia 76ers (NBA); 2012-2014 Caja Laboral Saski Baskonia (Espanha); e 2014-2017 Real Madrid (Espanha).

FABRICIO OBERTO – 1993-1998 Atenas de Córdoba; 1998-1999 Olympiacos (Grécia); 1999-2002 Tau Cerámica Saski Baskonia (Espanha); 2002-2005 Valencia (Espanha); 2005-2009 San Antonio Spurs (NBA); 2009-10 Washington Wizards (NBA); 2010 Portland Trail Blazers (NBA); 2010-2013 aposentadoria; e 2013 Atenas de Córdoba.

CARLOS DELFINO - 1998–1999 Libertad de Sunchales; 1999-2000 Unión de Santa Fé; 2000-2002 Reggio Calabria (Itália); 2002–2004 Fortitudo Bologna (Itália); 2004-2007 Detroit Pistons (NBA); 2007-08 Toronto Raptors (NBA); 2008-09 Khimki (Rússia); 2009-2012 Milwaukee Bucks (NBA); 2012-13 Houston Rockets (NBA); 2013-2017 aposentadoria; 2017 Boca Juniors; 2017 Saski Baskonia (Espanha); 2018-2019 Torino (Itália); 2019-2020 Fortitudo Bologna (Itália); e 2020-2023 Pesaro (Itália).

ALEJANDRO MONTECCHIA – 1994-1998 Olímpia de Venado Tuerto; 1998-1999 Boca Juniors; 1999-2002 Reggio Calabria (Itália); 2002-2005 Valencia (Espanha); 2005-06 Olimpia Milano (Itália); e 2006-2009 Regatas de Corrientes.

HUGO SCONOCHINI - 1991–1993 Unión de Santa Fé; 1993-1995 Olimpia Milano (Itália); 1995-96 Virtus Roma (Itália); 1996-97 Panathinaikos (Grécia); 1997-2001 Virtus Bologna (Itália); 2001-02 Tau Cerámica Saski Baskonia (Espanha); 2002-2004 Olimpia Milano (Itália); 2004-2006 Virtus Roma (Itália); e 2007-2009 Piacentina (Itália).

RUBÉN WOLKOWYSKI – 1993-1997 Quilmes; 1997-1999 Boca Juniors; 1999-2000 Estudiantes de Olavarría; 2000-01 Seattle Supersonics (NBA); 2001-02 CSKA Moscou (Rússia); 2002 Quilmes; 2002-03 Boston Celtics (NBA); 2003 Tau Cerámica Saski Baskonia (Espanha); 2003-04 Olympiacos (Grécia); 2004-2007 Khimki (Rússia); 2007 Prokom Trefl Sopot (Polônia); 2007-08 Legea Scafati (Itália); 2008 Biguá (Uruguai); 2009 Atléticos de San Germán (Porto Rico); 2009-2011 Libertad de Sunchales; 2011-2013 La Unión de Formosa; 2013-14 Sarmiento de Resistencia; e 2014-15 Quilmes.

LÉO GUTIÉRREZ – 1993-1998 Olímpia de Venado Tuerto; 1998-2002 Atenas de Córdoba; 2003-04 Obras Sanitárias; 2004-2006 Ben Hur de Rafaela; 2006-2008 Boca Juniors; 2008-09 Atenas de Córdoba; e 2009-2017 Peñarol de Mar del Plata.

WÁLTER HERRMANN – 1996-2000 Olímpia de Venado Tuerto; 2000-2002 Atenas de Córdoba; 2002-2003 Fuenlabrada (Espanha) (MVP Espanha); 2003-2006 Unicaja Málaga (Espanha); 2006-07 Charlotte Bobcats (NBA); 2007-2009 Detroit Pistons (NBA); 2009-2011 Caja Laboral Saski Baskonia (Espanha); 2011-12 Unión de Venado Tuerto; 2013-14 Atenas de Córdoba; 2014-15 Flamengo (Brasil); 2015-16 San Lorenzo; 2016-2018 Obras Sanitarias; e 2018-19 Atenas de Córdoba.







Nenhum comentário:

Postar um comentário