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sábado, 9 de fevereiro de 2013

Seleção Brasileira de 1971 a 1980

História da Seleção Brasileira de Basquete Masculino
Brazilian Male Basketball Team's History
Historia de la Seleción Brasileña de Baloncesto

A Seleção Brasileira viveu momentos conturbados na década de 70, após a saída de Kanela da Seleção. Sentiu falta de sua capacidade como treinador, mas também houve dificuldade de se fazer a renovação da fantástica geração de Amaury Pasos e Wlamir Marques, uma missão nada fácil. Quando Kanela assumiu a Seleção Brasileira como treinador, o Uruguai tinha seis títulos de Campeonato Sul-Americano, a Argentina tinha cinco e o Brasil só dois. Quando Kanela deixou a Seleção, em 1971, o Brasil tinha oito títulos, o Uruguai também oito e a Argentina tinha seis.

O Brasil havia sido vice-campeão Mundial em 1954, Bi-campeão em 59 e 63, terceiro lugar no Mundial de 67 e vice-campeão em 70. Acumulava três Medalhas de Bronze em Jogos Olímpicos (1948, 1960 e 1964) e ficara em quarto lugar nas Olimpíadas de 68. O Brasil havia alçado um vôo para o primeiro escalão do basquete mundial, e queria manter-se lá. Chegou àquele nível pelas mãos de Wlamir e Amaury e pela visão de jogo do “Velho Togo”. Eram 7 torneios seguidos terminando entre os 4 melhores do mundo (4 Mundiais e 3 Olimpíadas). A renovação depois destes resultados e da saída de Kanela foi traumática. No Mundial de 72, o Brasil foi treinado por Pedroca, de Franca, e amargou a sétima posição. No Mundial de 74 o treinador foi Édson Bispo, mas o resultado não melhorou: sexta colocação. O ápice para a crise veio após o Pré-Olímpico de 76, quando a equipe treinada por Édson Bispo perdeu a vaga com uma derrota para o México. Pela primeira vez, o Brasil estava fora do basquete olímpico.

Antes de toda esta turbulência e crise, a transição não parecia que seria complicada. Em 1971, o time comandado por Édson Bispo conquistou uma inédita Medalha de Ouro nos Jogos Pan-Americanos de Bogotá, na Colômbia. O time jogava com Hélio Rubens, Mosquito, Joi, Menon e Marquinhos Abdalla como quiteto titular. Venceu Suriname, Cuba, Argentina, Porto Rico, Panamá e México. Sofre uma única derrota, para os EUA, na 1ª fase. Na final, vitória por 63 x 62 sobre Cuba.

O Brasil também havia conquistado a hegemonia entre clubes na América do Sul. Nas primeiras edições do Sul-Americano de Clubes, só 2 títulos, com o Flamengo em 1953 e o Corinthians em 1964. A partir de 1968, o país imendou 11 títulos consecutivos. O Sirio foi campeão em 68, o Corinthians em 69, o Sirio foi Tri-campeão 1970-71-72, Franca foi Tri-campeã 1974-75-76, o Sirio Bi-campeão 1978-79 e Franca foi Campeão em 1980. Apesar da hegemonia na América do Sul, os resultados internacionais despencaram.

Nas Olimpíadas de 1972, o time treinado por Pedroca, técnico do Clube dos Bagres, de Franca, ficou com um 7º lugar, muito longe das posições obtidas com Kanela. O time tinha Hélio Rubens, Edvar Simões, Mosquito, Menon, Adílson, Dodi, Marquinhos e Ubiratan. Venceu Japão, Egito e Espanha, depois perdeu para os EUA (54 x 61), conseguiu uma expressiva vitória por 83 x 82 sobre a Tchecoslováquia, mas aí perdeu em sequência para Austrália (69 x 75), Cuba (63 x 64) e Porto Rico (83 x 87). Uma campanha bem fraca.

Adilson Nascimento

Daí para frente o técnico da seleção foi Édson Bispo, que havia ganho o Ouro no Pan de 71. No Mundial de 74, em Porto Rico, o Brasil acabou em 6º lugar. O time, jogando com a formação titular Hélio Rubens, Carioquinha, Adílson, Ubiratan e Marquinhos Abdalla, perdeu para União Soviética (60 x 79), Iugoslávia (60 x 84), Estados Unidos (83 x 103), Espanha (91 x 93) e Cuba (80 x 85).

Em 1976 foi disputado pela primeira vez o Torneio Pré-Olímpico, seletivo para os Jogos daquele ano. A base do time eram os jogadores de Franca: Hélio Rubens, Fausto, Gilson e Robertão. O time titular de Édson Bispo jogava com: Hélio Rubens, Carioquinha, Fausto Giannechini, Ubiratan e Marquinhos Abdalla. No banco, estavam Gilson Trindade, Robertão e Marcel.

A equipe venceu Israel, Islândia, Tchecoslováquia e Finlândia, perdeu para a Iugoslávia (80 x 88) e viu suas chances de ir ao Mundial ruírem com a derrota para o México (79 x 85). Na sequência, ainda perdeu para a Holanda (90 x 95). Acabou em 4º lugar, num torneio no qual só três se classificavam para a Olimpíada.


A carreira dos principais nomes da Seleção Brasileira na década de 1970:
Hélio Rubens: 1960-81 Franca (SP)
Marquinhos Abdalla: 1967-71 Fluminense, 1971-73 Sirio (SP), 1973 Pepperdine University (EUA), 1974-75 Sirio (SP), 1975-76 Pepperdine University (EUA), 1976-78 Emerson Genova (Itália), 1979-80 Sirio (SP), 1980-81 Virtus Bologna (Itália), 1981-83 Sirio (SP), 1983-84 Corinthians, 1984 Flamengo, 1985 Bradesco (RJ) e 1986-89 Sirio (SP)
Milton Setrini, "Carioquinha": 1969-78 Palmeiras (SP), 1979 Flamengo, 1980-81 Tênis Clube São José (SP), 1982-83 Sirio (SP), 1984-85 Flamengo, 1985-86 Minas Tênis Clube (MG), 1987-88 Nosso Clube/Limeira (SP), 1988-89 Pinheiros (SP) e 1989-90 Flamengo
Adílson Nascimento: 1969-72 Corinthians, 1973-74 Vila Nova (GO), 1974-78 Franca (SP), 1979-81 Jóquei Clube (GO), 1982-84 Corinthians, 1984-85 Barreirense (Portugal), 1986 Imortal de Albufeira (Portugal), 1986-87 Tênis Clube de Campinas (SP), 1988-90 Rio Claro (SP) e 1991 Pinheiros (SP)
Sérgio Macarrão: 1959-66 Botafogo, 1966-68 Vasco, 1969-70 São Caetano (SP), 1971-74 Fluminense, 1975-77 Flamengo, 1978-80 Club Municipal (RJ) e 1981 Mackenzie (SP)


Estourou uma grande crise no basquete brasileiro, com acusações de parte a parte, especialmente entre Rio de Janeiro (sede da CBB) e São Paulo (núcleo das principais equipes do país), buscando identificar os responsáveis pelo momento ruim da Seleção.

Ao mesmo tempo, iniciava-se uma era em que os jogadores brasileiros começavam a se aventurar pelo mundo. Depois de Ubiratan Maciel ter jogado na Liga Italiana, foi a vez de Marquinhos Abdalla passar por aquela que era a maior liga de basquete da Europa nos anos 70 e 80. Marquinhos foi 3º lugar da 2ª divisão da Itália com o Emerson Color Genova na temporada 1976/77, depois voltou à Itália na temporada 1980-81 para defender o Sinudyne/Bologna, então Bi-campeão Italiano em 78/79 e 79/80, e foi vice-campeão italiano da temporada 80/81. Eles abriram as portas para o trio Oscar, Marcel e Israel, que disputaram várias temporadas na Liga Italiana nos Anos 1980.

Uma nova geração chegando, com Oscar e Marcel, 1º e 3º da esquerda para a direita na foto

Na Seleção, após Édson Bispo ser treinador, o comando da Seleção foi posto nas mãos de Ary Vidal, técnico ligado ao basquete do Rio de Janeiro e sem resultados expressivos a nível nacional como treinador de Botafogo e Vasco. Ary Vidal foi Campeão Sul-Americano em 1977 e conseguiu colocar a Seleção Brasileira de novo no pódio no Mundial de 78, obtendo um terceiro lugar e com destaque para uma excepcional vitória por 92 x 90 sobre os EUA. Acabou perdendo para Iugoslávia (97 x 81) e União Soviética (94 x 85). O 3º lugar foi conquistado sobre a Itália com uma cesta de Marcel do meio da quadra no estourar do cronômetro.

Os 12 convocados por Ary Vidal em 1978 foram: Marquinhos Abdalla (Emerson Gênova - Itália), Ubiratan Maciel (Palmeiras), Carioquinha (Palmeiras), Oscar Schmidt (Palmeiras), Hélio Rubens (Franca), Gilson Trindade (Franca), Adilson Nascimento (Franca), Fausto Giannechini (Franca), Robertão (Franca), Marcel Souza (Sirio), Marcelo Vido (Sirio) e Eduardo Agra (Sirio). O Brasil venceu a China (154 x 97), a Itália (88 x 84), Porto Rico (100 x 88), Canadá (69 x 62), Austrália (108 x 78), Filipinas (119 x 72) e Estados Unidos (92 x 90). Perdeu para a União Soviética (85 x 94) e a Iugoslávia (87 x 91). Na disputa do Bronze, venceu a Itália (86 x 85). A pontuação dos jogadores brasileiros na competição foi a seguinte: Carioquinha (124 pts), Marcel (183), Oscar Schmidt (194), Gilson Trindade (101) e Marquinhos Abdalla (157). Hélio Rubens (44), Fausto Giannechini (67), Robertão (31), Ubiratan (47), Adílson (25), Marcelo Vido (4) e Eduardo Agra (11).

Oscar Schmidt

Ary Vidal deixou a Seleção e os resultados voltaram a piorar. Nas Olimpíadas de 80, com Cláudio Mortari como treinador, o Brasil ficou em quinto lugar. No Mundial de 82, treinado por Edvar Simões, o Brasil não passou de um oitavo lugar. Com Renato Brito Cunha como treinador nos Jogos Olímpicos de 84 a posição caiu ainda mais: nono lugar. Foi Ary Vidal voltar e o resultado melhorou. Com ele o Brasil foi quarto lugar no Mundial de 86, Medalha de Ouro nos Jogos Pan-Americanos de 1987, com a fantástica vitória por 120 x 115 sobre os Estados Unidos em Indianápolis, e quinto lugar nas Olimpíadas de 88.

Para embalar o bom momento do basquete brasileiro, em 1979 o Sirio sagrou-se Campeão Mundial de Clubes. O torneio era disputado desde 1966, ano em que jogando em Madrid, o Corinthians perdeu a final para o Varese, da Itália. Nas edições seguintes o Akron Goodyear, dos EUA, foi Tri-campeão 1967-68-69. O Varese voltou a ser campeão em 1970; em 71, 72 e 73 o torneio não foi realizado, e em 74 o Varese voltou a ser o campeão, desta vez vencendo o Sirio em pleno Ginásio do Ibirapuera. Em 1975, o campeão foi a Universidade de Maryland (EUA), e no ano seguinte, mais um vice-campeonato brasileiro, com o Franca perdendo o título para o Cantu, da Itália. Na sequência, o Real Madrid, da Espanha, foi Tri-campeão 1976-77-78. Em 1979, o torneio voltou a ser jogado no Ginásio do Ibirapuera. O Sirio venceu o Quebrasillos, de Porto Rico, por 114 x 81; perdeu para o Mokan (EUA) por 91 x 98; venceu o Varese, da Itália, por 83 x 79, e o Bosnia Sarajevo, da Iugoslávia, onde jogava o cracaço Delibasic, por apertados 100 x 98. O time campeão jogava com Larry Dyal, Marcel Souza, Oscar Schmidt, Dodi e Marquinhos Abdalla. O técnico era Cláudio Mortari, e no banco ainda tinha Marcelo Vido, Saiani, Eduardo Agra e Michael Daugherty.

SIRIO: Campeão Mundial de Clubes em 1979

Na empolgação do título do Sirio, Cláudio Mortari foi escolhido para assumir o lugar de Ary Vidal na Seleção Brasileira. Em 1980, no Pré-Olímpico, em Porto Rico, o Brasil voltou a repetir o 4º lugar do Pré-Olímpico de 1976. Teria ficado fora das Olimpíadas, já que eram três os que se classificavam, se os EUA não tivessem boicotado as Olimpíadas de Moscou. Jogando com Carioquinha, Fausto Giannechini, Marcel, Oscar Schmidt e Marquinhos Abdalla, o Brasil venceu Uruguai, Cuba, México e Porto Rico, mas perdeu a semi-final para o Canadá (81 x 98). Para as Olimpíadas, o time titular passou a ser: Carioquinha, Marcel, Oscar Schmidt, Adilson e Marquinhos. O Brasil fez 72 x 70 na Tchecoslováquia, perdeu para a União Soviética por 88 x 101, venceu Cuba por 94 x 93, perdeu para a Espanha (91 x 110), venceu a Itália (90 x 77) e perdeu para o timaço da Iugoslávia (que acabou Medalha de Ouro) por 95 x 96. Terminou em 5º lugar, mas não fez uma campanha ruim.

Brasil x Iugoslávia, em 1980





Um comentário:

  1. Grande história que temos que resgatar urgentemente, mas depende somente da CBB e do COB, tanto é que vimos agora na Rio 2016. Lastimável. Temos que trabahar na base, dando escolas para estes atletas e cobrar uma boa evolução nos seus estudos, ao invés de sugar o sangue destas crianças que mal sabem falar o nosso idioma corretamente.

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