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quinta-feira, 3 de maio de 2018

As melhores seleções do basquete europeu no século XX

Queremos revisitar o passado e relembrar as grandes seleções que dominaram o basquete europeu, numa viagem nostálgica ao passado mais brilhante do basquete do Velho Continente.

1. A URSS de Belov: o fim da hegemonia dos EUA
(época de domínio: de 1967 a 1974)

A URSS foi a grande dominadora do basquete europeu de 1957 a 1971 ao ganhar nada menos do que oito Eurobaskets seguidos. Mas o time que podemos considerar o melhor de todos eles foi aquele liderado pelo mítico Sergei Belov, o primeiro jogador não norte-americano a ser eleito para o Hall da Fama de Indiana. Belov era um ala-armador de 1,90 metros que unia um grande físico a uma tremenda elegância em sua forma de jogar basquete. Foi um "homem a frente de seu tempo", um jogador em nada egoísta e que sabia aparecer no momento certo para decidir os jogos. Sua história com a seleção começou em 1967 com um duplo triunfo, já que ao Eurobasket se somou o triunfo no Mundial do Uruguai. Acabava de começar a "ditadura" da equipe de Belov e uma das maiores rivalidades do basquete europeu, a que teve com Kresimir Cosic, que também debutava com a Seleção da Iugoslávia neste mesmo ano.

Em 1968 se produziu a estreia olímpica de Belov, e veio com decepção… Após quatro finais consecutivas entre EUA e URSS (com vitórias sempre dos norte-americanos), a Iugoslávia de Cosic se impunha aos soviéticos por um ponto de vantagem nas semi-finais e relegava a Belov a medalha de bronze. Mas o jovem Belov se vingaria no ano seguinte, quando liderou à União Soviética (foi eleito MVP do campeonato) para voltar a levantar o título europeu após derrotar a Iugoslávia na final. Em 1970, no Campeonato Mundial disputado na Iugoslávia, voltaram-se a trocar posições, com a equipe anfitriã se impondo e deixando a URSS com o terceiro lugar, apesar de Belov ter voltado a ser escolhido MVP. No ano seguinte, no Eurobasket da Alemanha, Belov e Cosic voltaram a intercambiar sensações, o soviético se lançou ao título e o iugoslavo desta vez ficou como MVP.

Mas o momento definitivo na carreira de Belov foi vivido nos Jogos Olímpicos de Munique em 1972. Belov levou seu time à final contra os Estados Unidos, que se apresentava tendo vencido todos os torneios olímpicos jogados até então, num saldo de 63 vitórias e 0 derrotas. Belov foi o pontuador máximo do jogo, com 20 pontos, mas foi outro Belov, Aleksander, seu irmão, quem teve a honra de anotar a cesta decisiva que deu o primeiro título olímpico à União Soviética. Com muita controvérsia e polêmica envolvida, os norte-americanos se negaram a receber sua medalha de prata, pois consideravam que a partida já havia acabado quando os soviéticos converteram sua cesta. Dava no mesmo, Belov já havia feito história e havia se convertido numa lenda.

No ano seguinte veio o primeiro grande aviso de que seu reinado estava ameaçado. No Eurobasket de 1973, a Iugoslávia rompia com a ditadura soviética de títulos, graças às aparições de Drazen Dalipagic e Dragan Kicanovic. Kresimir Cosic já não estava só. Apesar de tudo, Belov conseguiria o título que lhe faltava no ano seguinte, e em 1974 deixaria aos iugoslavos com o sabor do mel nos lábios e se proclamaria campeão mundial em Porto Rico, com média de 15,2 pontos por jogo. Logo sofreria com a explosão da Iugoslávia dos "Quatro Fantásticos", mas sempre mantendo um altíssimo nível. Foi medalha de prata nos Eurobaskets de 1975 e 1979, prata no Mundial de 1978, bronze nos Jogos Olímpicos de Montreal 1976 e Moscou 1980, e voltaria a saborear o gosto doce do triunfo no EuroBasket de 1979, quando já não lhe acompanhavam seus fiéis escudeiros Gennadi Volnov, Aleksandr Belov e Modestas Paulauskas (uma das lendas do Zalgiris Kaunas), se não o gigante Vladimir Tkachenko e o lituano Valdemaras Homicius.

Sua grande decepção foi o bronze colhido nos Jogos Olímpicos de Moscou em 1980. Apesar de ser uma de suas maiores atuações a nível individual, quando obteve médias de 21 pontos por partida (incluindo os 29 que anotou diante da Espanha na disputa pelo bronze). A terceira colocação em casa, sem a presença dos EUA, que boicotaram o torneio, foi visto como um total fracasso e antecipou sua saída da seleção nacional, com sua única alegria naqueles jogos tendo sido a de levar a tocha olímpica no cerimonial.

Quando em 1991 a FIBA votou pelos 50 melhores jogadores de sua história, Belov foi o mais votado, a frente de Cosic, que foi o quarto, de Arvydas Sabonis, em terceiro, e Drazen Petrovic, em segundo lugar.

Sergei Belov

2. A Iugoslávia de Dalipagic, Cosic, Kicanovic e Delibasic: os Quatro Fantásticos
(época de domínio: de 1975 a 1981)

O croata Kresimir Cosic era a grande estrela do único time que fazia frente, na Europa, à União Soviética de Belov. Em 1970, seus 17,3 pontos por partida no Mundial daquele ano deram a sua seleção seu primeiro grande título. Mas, apesar de seus 2,11 metros e de ser o primeiro iugoslavo a triunfar numa universidade norte-americana, Cosic não conseguia conter à URSS de Belov. Mas em 1973, com a chegada à seleção dos sérvios Drazen Dalipagic e Dragan Kicanovic, a coisa iria mudar. Neste mesmo ano eles se impuseram no Eurobasket, celebrado na Espanha e, no ano seguinte, foram derrotados pela URSS na final do Mundial, apesar de que Kicanovic tenha sido eleito MVP do torneio. Mas quando, em 1975, uniram-se a eles o último "ás" do poker iugoslavo, o bósnio Mirza Delibasic, a Iugoslávia começou a exercer sua tirania no continente. Neste mesmo ano, eles repetiram o título europeu, com Cosic eleito MVP. Em 1976, nos Jogos Olímpicos de Montreal, voltaram a superar aos soviéticos nas semi-finais e perderam na final frente aos EUA. Neste campeonato, Cosic teve média de 11,2 pontos (meteu 20 à URSS na semifinal e 15 aos EUA na final), Dalipagic 17,8 (com 27 pontos na final contra os EUA), Kicanovic 16 e Delibasic 12. Os Quatro Fantásticos dividiam entre eles os pontos e os momentos de glória.

Em 1977 chegaria seu terceiro ouro consecutivo no Eurobasket, com Dalipagic como MVP do torneio e o armador Zoran Slavnic (o quinto Beatle?) acompanhando-o no melhor quinteto da competição. Seu domínio europeu se estenderia para todo o mundo com a vitória no Mundial de 1978, no qual venceram por um ponto (e na prorrogação) à URSS de Belov. Dalipagic foi de novo MVP do torneio e foi acompanhado por Cosic e Kicanovic no quinteto ideal (sendo os outros dois lugares no quinteto para outros dois mitos do basquete, o ucraniano Vladimir Tkachenko e o brasileiro Oscar Schmidt).

Seu domínio se veria posto em dúvida quando no Eurobasket de 1979 eles tiveram que se conformar com o bronze, vendo a Sergei Belov se proclamar campeão da Europa pela quarta vez. Mas em 1980 tiveram a mais doce das vinganças, quando se impuseram nos Jogos Olímpicos disputados na casa do eterno rival. Em Moscou 1980, a Iugoslávia dos Quatro Fantásticos se alçou ao título que lhes faltava, aproveitando à ausência, por boicote, dos EUA. Com Cosic já em seus últimos anos de carreira, foram os outros três do quarteto os que deram o passo adiante, Dalipagic com média de 24,4 pontos por jogo (com 18 na final contra a Itália), Kicanovic com 23,6 (com 22 na final) e Delibasic com 16,4 (com 20 diante dos italianos na última partida).

Mas talvez, acima do enorme êxito em Moscou, o pleno potencial desta seleção foi visto um ano e meio antes, quando, em abril de 1978, eles enfrentaram a uma Seleção dos Estados Unidos comandada por suas duas estrelas universitárias - Earvin ‘Magic’ Johnson e Larry Bird - além de outros seis jogadores que entraram neste mesmo ano na NBA. Na final, venceu aos EUA por 88 x 83, com o jogo terminando com 22 pontos de Dragan Kicanovic, 19 de Mirza Delibasic, 18 de Drazen Dalipagic e 16 do grande capitão Kresimir Cosic.

O final da primeira grande seleção iugoslava de basquete da história chegou com amargura em 1981, quando a seleção dos Bálcãs caiu com impactantes 84 x 67 na final do Eurobasket contra a renovada União Soviética de Tkachenko, Valters e Myshkin. Quando no ano seguinte juntou-se a eles um ainda quase adolescente Arvydas Sabonis, uma nova hegemonia ia começar no continente. O torneio representou o adeus do capitão Cosic, que não disputaria o Campeonato Mundial de 1982. Quando ainda voltou por uma última vez, em 1983, sua seleção estava sendo liderada por um garoto, croata como ele, de 18 anos, Drazen Petrovic. Mas esta é uma história para daqui a pouco.

Para compreender a importância desta equipe: Cosic é o jogador que mais vezes vestiu a camiseta da Iugoslávia, com 303 jogos internacionais, e Dalipagic foi o máximo pontuador da Iugoslávia na história, com 3.131 pontos pela seleção.

Drazen Dalipagic

3. A URSS de Sabonis: o Czar da Europa
(época de domínio: de 1982 a 1988)

Em 1981 a União Soviética surpreendeu ao vencer no Eurobasket à mítica Iugoslávia dos Quatro Fantásticos. No ano seguinte se celebrava o Campeonato Mundial na Colômbia e os soviéticos apareceriam com um jovenzinho que ainda não havia cumprido 18 anos, mas que dominaria o basquete europeu pelos próximos anos: Arvydas Sabonis. O lituano foi batizado por Bill Walton, uma lenda da NBA, como "um Larry Bird com 2,18 metros". O mítico pivô queria dizer que Sabonis tinha o arremesso de um ala e a visão de jogo de um armador dentro de um corpo atlético destinado a dominar as quadras de basquete em seu tempo. Sua atuação em 1982 foi boa, mas ainda não exercia a liderança em sua seleção (apesar da média de quase 10 pontos por jogo). Mas em 1983 ele já era claramente o jogador mais importante da seleção soviética que disputou o Eurobasket. Incrivelmente, neste ano de 1983 aconteceu um milagre, pela primeira vez desde 1955 nem a URSS nem a Iugoslávia conquistariam o título. A responsável por aquele milagre foi a Espanha de Corbalán (que foi eleito MVP daquele torneio), Epi e Fernando Martín. Apesar dos 24 pontos de Sabonis, os comandados de Antonio Díaz Miguel se impuseram na semi-final por 95 x 94. Ainda assim não levaram o título, tendo perdido a final para a Itália, de Dino Meneghin e Antonello Riva. O domínio de Sabonis se iniciava com um escorregão.

Em 1984, o boicote soviético aos Jogos Olímpicos de Los Angeles impediram que Sabonis enfrentasse a Patrick Ewing, o pivô mais dominante de sua geração na NBA. Em 1985 seu domínio no Eurobasket foi total, alçando-o ao prêmio de MVP e levando a URSS a ser campeã do torneio. Sobre a Itália, ele fez 16 pontos na semi-final e sobre a Tchecoslováquia, na final, marcou 31 pontos! No Campeonato Mundial de 1986, ele só confirmou sua superioridade sobre o resto das seleções europeias. Na final, enfrentou aos EUA, liderados por David Robinson. Apesar de perder por dois pontos, todos puderam comprovar a força do lituano quando ele se impôs sobre o "Almirante", tendo inclusive aplicado-lhe um toco estratosférico. Pela primeira vez, a NBA olhava ao Velho Continente pensando estar vendo uma jóia basquetebolística de valor incalculável. O Portland Trail Blazers o elegeria no Draft. Tudo indicava um longo reinado na Europa do gigante lituano, que tinha apenas 22 anos. Porém, uma grave lesão no tendão de Aquiles ameaçou sua carreira. Ele ficou mais de um ano e meio sem competir, tendo viajado a Portland para que os médicos dos Blazers o atendessem para tratar uma lesão que, a princípio, parecia intratável. Arvydas nunca esqueceria aquele gesto, e quando, muito tempo depois, rumou à NBA, foi fiel à franquia do Oregon.

Mas voltando a 1987, sua ausência no EuroBasket deste ano levou à surpreendente derrota da URSS na final para a Grécia, de Gallis e Giannakis. O treinador Alexander Gomelski viu seu cargo a perigo e no ano seguinte decidiu levar Sabonis, mesmo voltando após quase dois anos sem atuar, para os Jogos Olímpicos de Seul. Mesmo com um Sabonis com uma mobilidade e uma capacidade de saltar claramente mais reduzidas, a URSS conseguiu vingar a derrota no Mundial de 86 e vencer aos EUA de David Robinson, Danny Manning, Mitch Richmond e Dan Majerle na semi-final, e à Iugoslávia, de seu "inimigo íntimo", Drazen Petrovic, na final, na qual Sabonis terminou com 20 pontos e 15 rebotes, dominando completamente o jogo interior iugoslavo, formado por Vlade Divac e Dino Radja. Apesar da derrota, tanto Radja como Divac só tinham adjetivos para "Sabas". Radja disse nos EUA: "vocês não conhecem a Sabonis. Era o melhor pivô do mundo. Se houvesse chegado antes à NBA, teria sido 10 anos seguidos um All-Star". Divac, por sua vez, deu a seguinte resposta a um jornalista que lhe perguntou, também nos EUA, quem havia sido melhor, se ele ou Sabonis: "Não há comparação. Posso dizer sem medo de errar que ele foi melhor jogador do que O’Neal, Ewing e Olajuwon".

Mas para a União Soviética de Sabonis já restava muito pouco tempo de vida. Em 1989 eles disputaram seu último campeonato juntos. Havia chegado um novo ciclo político, com a URSS sendo dissolvida. Isto implicou num novo ciclo dominador no basquete europeu, emergindo a Iugoslávia de Petrovic. Em 1990, Sabonis e o resto dos jogadores lituanos (Marciulionis, Kurtinaitis e Homicius) decidiram não participar do Mundial. Sua seguinte aparição foi já defendendo a Lituânia nos Jogos Olímpicos de Barcelona em 1992. Seus 23,9 pontos e 12,5 rebotes demonstram que, apesar da lesão, ele seguia sendo o melhor pivô europeu. Com a Lituânia, ele voltaria a repetir o bronze nas Olimpíadas de 1996 e a prata no Eurobasket de 1995.

A grande pergunta que se faz qualquer fã do basquete é: o que haveria acontecido se Sabonis não houvesse sofrido sua grave lesão? Bill Walton, o homem que levou o Portland ao título da NBA em 1977 tem uma resposta: "se Sabonis houvesse entrado na NBA em 1985, Lakers, Pistons e Bulls teriam hoje alguns anéis a menos".

Sabonis contra Bogues, no Mundial de 86

4. A Iugoslávia de Petrovic: o ‘Dream Team’ europeu
(época de domínio: de 1989 a 1992)

É impossível contar a história de Drazen Petrovic sem falar de sua rivalidade com Arvydas Sabonis. O ‘gênio de Sibenik’ nasceu no mesmo ano que o gigante lituano, mas, apesar de começar a jogar na Liga Iugoslava com apenas 15 anos, sua estreia na seleção foi aos 18 anos, um ano depois de Sabonis. Quando o fez, seu "inimigo íntimo" já era campeão mundial. Era o ano de 1983 e o jovem Drazen dividia o vestiário com três dos Quatro Fantásticos - Cosic, Dalipagic e Kicanovic -. Apesar de tudo, a seleção iugoslava fracassou totalmente, tendo que se conformar com um 7º lugar. O ambicioso croata via como toda a Europa se rendia a Sabonis e não podia suportar isto. Em 1984, teve a oportunidade de se destacar nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, já que não estava presente a URSS, por seu boicote político. Mas uma inesperada derrota para a Espanha, de Corbalán, Epi e Fernando Martín, que no ano anterior já havia tido o sabor de derrotar à URSS de Sabonis, impediu a disputa de um primeiro duelo contra Michael Jordan.

Apesar de tudo, este bronze foi um pequeno consolo diante do que se aproximava nos dois anos seguintes para a seleção. Em 1985, a Iugoslávia voltou a decepcionar no Eurobasket, tendo que se conformar com uma triste 7ª colocação. Ainda assim, Drazen acompanhou a Sabonis no quinteto ideal do campeonato, junto a Valdis Valters, Detlef Schrempf e Fernando Martín. No ano seguinte, no Mundial, ele voltou a subir ao pódio, novamente em terceiro, mas teve que sofrer uma derrota contra Sabonis e sua URSS na semi-final por um ponto. Tudo isto apesar da média de mais de 25 pontos por jogo em ambos os campeonatos e de ter sido eleito MVP do Mundial de Espanha. Para alguém que tinha dominado a Europa a nível de clubes com seu Cibona de Zagreb, tornando-se campeão da Europa em 1985 e 1986 (ganhando na final de 1986 ao Zalgiris, de Sabonis), seus resultados com a seleção eram sua grande frustração. Uma história de seus tempos no Cibona explica perfeitamente seu caráter. Conta um ex-treinador que antes de um jogo contra o Zalgiris Kaunas, Drazen começou a gritar com seus companheiros, parando continuamente o treino, até que o treinador parou tudo e mandou todos os jogadores para casa. Quando, no dia seguinte, ele lhe preguntou o que havia acontecido, Petrovic respondeu que as partidas contra o Zalgiris eram especiais, já que não só queria ganhar, como também demonstrar que ele era melhor jogador do que Sabonis.

Em 1987, a Iugoslávia já se apresentava com a equipe que iria dominar o basquete europeu nos anos seguintes. Estavam Petrovic, Kukoc, Divac, Radja e Paspalj, e inclusive já com o jovem Aleksandar Djordjevic. Ainda assim os iugoslavos caíram nas semi-finais para a Grécia, de Gallis, e tiveram que se conformar, novamente, com o bronze. No ano seguinte, Petrovic sofreu aquela que, provavelmente, foi a derrota mais dolorosa de sua carreira. Nos Jogos Olímpicos de Seul, ele enfim chegou a uma final a nível de seleções para se encontrar com seu velho conhecido, Arvydas Sabonis, recém recuperado de sua lesão. Nos três meses anteriores, a Iugoslávia havia imposto quatro vitórias em cinco confrontos, incluída a vitória na fase preliminar daqueles Jogos. Mas a final voltou a ser dos soviéticos, e de nada serviram os 24 pontos de Drazen.

Outro pesadelo para Petrovic veio no fim de 1989, no Eurobasket que foi disputado em sua casa, em Zagreb. Desta vez Petrovic não cometeu nenhuma falha, com média de 30 pontos por partida e saindo com o prêmio de MVP. Ainda assim, a Grécia, de Gallis, impediu que ele tivesse o gosto de enfrentar a Sabonis na final. Só em 1990 que veio a vitória sobre a URSS numa final, no Campeonato Mundial daquele ano na Argentina, mas não foi frente a Sabonis que, igualmente ao resto dos jogadores lituanos, decidiu não jogar aquele campeonato com a União Soviética. Mas o mais relevante daquela vitória foi como se pode começar a ver os farelos em que se estava começando a converter a Iugoslávia, farelos que não demorariam a virar pó. A Sérvia e a Croácia estavam em guerra, processo que culminou na dissolução da Iugoslávia. Ao terminar a final, Petrovic, croata, e Divac, sérvio, se abraçaram, mas o bom momento só durou até a hora em que um fã se aproximou portando uma bandeira da Croácia, Divac recriminou seu gesto e o expulsou da quadra. A relação entre aqueles jogadores nunca voltaria a ser a mesma, como ficou bem documentado no magnífico documentário “Irmãos e Inimigos”.

No ano seguinte, em 1991, Petrovic renunciou à seleção e não jogou o Eurobasket, em parte para se preparar para a seguinte temporada, na NBA, mas também por causa de sua má relação com os jogadores sérvios da seleção. Foi o último grande campeonato da Iugoslávia unida, e Kukoc, Divac, Djordjevic e companheiros iriam se impor com facilidade e ser campeões. Aquela que, para muitos, foi a melhor seleção da história do basquete, voou pelos ares com a Guerra dos Bálcãs, impedindo a possibilidade de se ver o duelo entre o "Dream Team" contra o "Dream Team europeu". Ainda assim, nos Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992, Petrovic ficou com a medalha de prata, comandando sua Croácia, e metendo 24 pontos ao time de Michael Jordan, Magic Johnson, Larry Bird e companhia na final, e com Sabonis com o bronze, com a seleção da Lituânia. No fundo foi algo muito significativo, pois estes dois jogadores haviam dominado o basquete europeu nos dez anos anteriores. Mas claro que, com um sorriso no canto do rosto, Petrovic pensava "mas comigo acima".

E isto foi tudo, porque no ano seguinte, enquanto se preparava para um novo compromisso com a Croácia por mais um Eurobasket (e amargurado porque não havia sido escolhido para o All-Star Game da NBA), Drazen Petrovic perdia a vida num acidente de carro na Alemanha, num momento no qual triunfava nos Estados Unidos, com média superior a 20 pontos por jogo na NBA, pelo New Jersey Nets. O basquete europeu ficou órfão e perdeu sua maior estrela, em pleno apogeu, aos 28 anos, a mesma idade que tinha Michael Jordan quando ganhou seu primeiro título na NBA (só para se ter uma ideia do que "o Mozart do basquete" ainda podia ter conquistado).

Vlade Divac e Drazen Petrovic

Fonte: DeporAdictos, por Sérgio Ariza Lázaro, em 2 de setembro de 2015
http://deporadictos.com/las-mejores-selecciones-de-la-historia-del-baloncesto-europeo-i/
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