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domingo, 27 de janeiro de 2013

Seleção Brasileira de 1960 a 1970

História da Seleção Brasileira de Basquete Masculino
Brazilian Male Basketball Team's History
Historia de la Seleción Brasileña de Baloncesto

Depois de ser Campão Mundial em 1959, o basquete brasileiro, liderado pelo técnico Togo Renan Soares, o Kanela, entrou num outro patamar a nível internacional, principalmente porque dentro de quadra haviam dois jogadores fora de série: Wlamir Marques e Amaury Pasos. Nos Jogos Olímpicos de 1960, em Roma, o Brasil voltou a conquistar a Medalha de Bronze, feito que havia conseguido nas Olimpíadas de 1948. Repetiu o feito nas Olimpíadas de 1964, em Tóquio, o terceiro Bronze de sua história. No Mundial de 1963, jogando novamente no Maracanãzinho, no Rio de Janeiro, foi Bi-campeão Mundial. Naquele mesmo ano foi Medalha de Prata nos Jogos Pan-Americanos de São Paulo, com derrota para os Estados Unidos na final, por 66 x 78. Foi 3º lugar no Mundial de 67, em Montevidéu, e vice-campeão no Mundial de 70, na Iugoslávia. Foi uma época de ouro do basquete masculino brasileiro.

Em 1960, o Brasil foi Bi-campeão Sul-Americano, e jogando dentro da Argentina. Em Córdoba, venceu o rival por 58 x 57 no emocionante jogo final.

Nas Olimpíadas de Roma, Kanela levou estes 12 jogadores: Amaury Pasos (Sirio - SP), Antonio Sucar (Sirio - SP), Wlamir Marques (XV de Piracicaba - SP), Waldemar Blatskauskas (XV de Piracicaba - SP), Rosa Branca (Palmeiras), Édson Bispo (Palmeiras), Mosquito (Palmeiras), Jatyr Schall (Palmeiras), Algodão (Flamengo), Fernando Bro Bro (Flamengo), Waldyr Boccardo (Flamengo) e Moysés Blás (Minas Tênis Clube - MG). O veterano Algodão acabou perdendo a posição de titular para o jovem Rosa Branca, e esta foi sua última participação na Seleção Brasileira, a qual defendia desde 1948. Detalhe também para a presença de Sucar, jogador que nasceu em Tucuman, na Argentina, mas chegou ao Brasil com apenas 7 anos de idade.

A campanha brasileira começou com vitória sobre Porto Rico por 75 x 72, e seguiu com uma histórica vitória por 58 x 54 sobre a União Soviética! Depois, 80 x 72 no México, 78 x 75 na Itália, 77 x 68 na Polônia e 85 x 78 na Tchecoslováquia. Mas na fase final o primeiro carrasco foi o mesmo time sobre quem conseguira histórico feito na 1ª fase, num jogo duríssimo o Brasil perdeu para a União Soviética por 62 x 64. Depois foi facilmente batido pelo Estados Unidos por 63 x 90 e voltou para a casa com uma magnífica medalha de bronze. Os pontuadores do time brasileiro foram: Wlamir Marques (147 pts), Rosa Branca (38), Amaury Pasos (147), Waldemar Blatskauskas (61) e Édson Bispo (83). Algodão (22), Mosquito (20), Sucar (46), Jatyr Schall (12) e Waldyr Boccardo (2). Suplentes: Moysés (2) e Fernando Bro Bro (0).

Seleção Brasileira de 1960

Depois, em 61, o Brasil foi Tri-Campeão Sul-Americano jogando no Rio de Janeiro, e em 63 foi Tetra-Sul-Americano em Lima, no Peru. No mesmo ano ganhou uma inédita Medalha de Prata em Jogos Pan-Americanos, jogando em São Paulo. Aquele seria o ano da maior conquista brasileira no basquete masculino, com o país sagrando-se Bi-Campeão Mundial! A base da Seleção nesta época era o quinteto titular do Palmeiras: Rosa Branca, Mosquito, Victor Mirshauswka, Jatyr Schall e Édson Bispo.

Curiosamente, este time tinha dois jogadores não nascidos no Brasil, mas que emigraram para o país ainda na infância; além do já citado Sucar, nascido na Argentina e que chegou ao Brasil aos sete anos, Victor Mirshauswka nasceu em Tcherni, cidade da Polônia que posteriormente foi invadida pela União Soviética e hoje pertence à Bielo-Rússia, e chegou ao Brasil com sua família ainda menino. Outro jogador com laços familiares fora do Brasil era o carioca Fritz, que se chamava Friedrich Wilhelm Braun, descendente de alemães.

O grupo de 12 jogadores convocados para o Mundial de 1963 foi: Amaury Pasos (Sirio - SP), Luiz Cláudio Menon (Sirio - SP), Antonio Sucar (Sirio - SP), Wlamir Marques (Corinthians), Ubiratan Maciel (Corinthians), Waldemar Blatskauskas (XV de Piracicaba - SP), Rosa Branca (Palmeiras), Mosquito (Palmeiras), Jatyr Schall (Palmeiras), Victor Mirshauswka (Palmeiras), Fritz (Fluminense) e Paulista (Vasco da Gama).

Este grupo sofreu muito poucas modificações frente à equipe que conquistou o Bronze nas Olimpíadas de 64. Amaury Pasos (Sirio - SP), Antonio Sucar (Sirio - SP), Wlamir Marques (Corinthians), Ubiratan Maciel (Corinthians), Rosa Branca (Corinthians), Mosquito (Palmeiras), Jatyr Schall (Palmeiras), Victor Mirshauswka (Palmeiras) e Fritz (Fluminense). Waldemar faleceu antes da Olimpíada, Menon e Paulista não foram convocados. Nos seus lugares foram chamados: Édson Bispo (Palmeiras), Edvar Simões (Corinthians) e Sérgio Macarrão (Botafogo).

A brilhante campanha no Bi-Mundial, com as vitórias: 62 x 55 em Porto Rico, 81 x 62 na Itália, 90 x 71 na Iugoslávia, 77 x 63 França, e as duas majestosas vitórias para coroar com chave de ouro a conquista: 90 x 79 na União Soviética e 85 x 81 nos Estados Unidos. A pontuação dos jogadores do Brasil naquele Mundial de 63: Wlamir Marques (108 pts), Rosa Branca (65), Victor Mirshauswka (90), Amaury Pasos (106) e Ubiratan (46). Paulista (6), Mosquito (12), Sucar (30), Jatyr Schall (7) e Waldemar Blatskauskas (13). Suplentes: Fritz (0) e Menon (2).

o quinteto da Seleção Brasileira,
Wlamir e Amaury são os dois primeiros, da esquerda para a direita

Na conquista do Bronze em Tóquio, o Brasil tropeçou na estréia, perdendo por 50 x 58 para o Peru, mas venceu Iugoslávia (68 x 64), Coréia do Sul (92 x 65), Finlândia (61 x 54), Uruguai (80 x 68) e Austrália (69 x 57); perdeu para as duas potências do esporte da bola na cesta: 53 x 86 para EUA e 47 x 53 para URSS. Na disputa do Bronze, vitória sobre Porto Rico (76 x 60). A pontuação dos brasileiros no torneio: Wlamir Marques (128 pts), Rosa Branca (51), Victor Mirshauswka (56), Amaury Pasos (94) e Ubiratan (88). Edvar Simões (16), Mosquito (39), Sucar (37), Jatyr Schall (35) e Édson Bispo (33). Suplentes: Fritz (11) e Sérgio Macarrão (8).

Tetra-campeão Sul-Americano, o Brasil foi para a edição de 1966 para tentar o penta apostando em completa renovação. Apostou no jovem treinador Ary Vidal, assistente de Kanela no Flamengo, para comandar a Seleção e enviou uma "Seleção B"; acabou com o Vice-campeonato. Em 1967, Kanela não foi com o Brasil aos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg. O time foi comandado pelo jogador-treinador Édson Bispo. O mesmo time de tantas façanhas, fracassou retumbantemente. Jogando com o quiteto titular: Mosquito, Wlamir Marques, Victor Mirshauswka, Amaury Pasos e Luiz Cláudio Menon, o Brasil ficou com um 7º lugar, depois de ser derrotado por México e Cuba.

O Esquadrão do Corinthians, time que dominou o Brasil entre 1965 e 1969
Da esquerda para a direita: Wlamir Marques, Rosa Branca, Ubiratan Maciel,
o técnico Moacir Daiuto, Amaury Pasos e José Aparecido, o Joy.

Já a seleção principal mantinha o ritmo entre as 4 melhores do mundo. Bi-campeã Mundial em 1959 e 1963, na edição de 1967 ficou em 3º lugar, garantindo mais um pódio. O time brasileiro em 67 era: Mosquito, Amaury Pasos, Jatyr Schall, Luiz Cláudio Menon e Ubiratan como titulares. No banco, Kanela tinha a jovem promessa Hélio Rubens (do Clube dos Bagres), além de Edvar Simões, Sucar, Cézar Sebba (do Botafogo) e Sérgio Macarrão (do Vasco). O time brasileiro perdeu para União Soviética (74 x 78) e Iugoslávia (84 x 87), mas venceu os Estados Unidos (80 x 71). No ano seguinte, 1968, o Brasil que havia sido Bronze em 1960 e 1964, ficou em 4º lugar nas Olimpíadas da Cidade do México. O quinteto titular nos Jogos de 68 era: Edvar Simões, Rosa Branca, Wlamir Marques, Luiz Cláudio Menon e Ubiratan.

Derrotas foram duas para União Soviética (65 x 76 e 53 x 70) e uma para os EUA (63 x 75). Portanto, entre Mundiais e Olimpíadas, em 6 torneios entre 1959 e 1968, o Brasil ficou 2 vezes em 1º lugar, nenhuma em 2º lugar, 3 vezes em 3º lugar e 1 vez em 4º lugar. Mas quatro destes seis torneios haviam sido jogados na América Latina. Teria sido o mesmo em solo europeu? Para provar que sim o Brasil foi para o Mundial da Iugoslávia em 70 e voltou com um 2º lugar. A sétima competição global seguida terminada entre os quatro primeiros colocados do planeta.

A Seleção Brasileira de 1970 convocada por Kanela: Ubiratan Maciel (Splugen Reyer Venezia - Itália), Wlamir Marques (Corinthians), Rosa Branca (Corinthians), José "Joi" Aparecido (Corinthians), Luiz Cláudio Menon (Sirio - SP), Mosquito (Sirio - SP), Edvar Simões (Tênis Clube São José - SP), Zé Olaio (Tênis Clube São José - SP), Hélio Rubens (Clube dos Bagres, Franca - SP), Sérgio Macarrão (São Caetano - SP), Pedrinho Ferrer (Flamengo) e Marquinhos Abdalla (Fluminense).

Fazia parte deste time o primeiro brasileiro a ir jogar basquete fora do Brasil, o pivô Ubiratan, que jogou 2 temporadas na 1ª divisão da Liga Italiana, a mais rica e importante da Europa naquele momento. A Seleção Brasileira voltou a fazer uma grande campanha no Mundial de 70, e jogando fora de casa, na Iugoslávia. O time titular de Kanela tinha Hélio Rubens, Wlamir Marques, Edvar Simões, Menon e Ubiratan; duas fantásticas e históricas vitórias sobre a União Soviética (66 x 64) e os Estados Unidos (69 x 65), mas o time caiu diante da seleção anfitriã (implacáveis 80 x 55). A Iugoslávia só foi campeã por causa da vitória maravilhosa do Brasil sobre os Estados Unidos na última partida do torneio. Os norte-americanos jogavam pelo título com uma vitória simples, por qualquer placar, sobre o Brasil, mas o quinteto brasileiro, com uma atuação histórica, impediu o título dos Estados Unidos. A pontuação do time brasileiro naquele Mundial: Hélio Rubens (83 pts), Edvar Simões (93), Wlamir Marques (85), Menon (158) e Ubiratan (137). Rosa Branca (13), Mosquito (21), Zé Olaio (4), Joi (42) e Sérgio Macarrão (49). Suplentes: Pedrinho (13) e Marquinhos Abdalla (6).


A carreira dos jovens talentos revelados nos Anos 1960 e que se juntaram à fantástica geração que vinha dos anos 1950:
Ubiratan "Bira" Maciel: 1961-70 Corinthians, 1970-72 Splugen Reyer Venezia (Itália), 1972-73 Trianon (SP), 1973-74 Sírio (SP), 1974-78 Palmeiras e 1979-81 Tênis Clube São José (SP)
Luiz Cláudio Menon: 1961-62 Palmeiras e 1963-74 Sírio (SP)


Ubiratan, camisa 5 do Splugen
primeiro brasileiro na Europa


Veja também aqui no blog:

- A Era Kanela, tempo de glórias

- Wlamir Marques, o Diabo Loiro

Biografia de Luiz Cláudio Menon


3 comentários:

  1. Sinto a falta de menção ao Emil Rached que também jogou na seleção nos anos 1960.

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  2. quando foi que a seleção bicampeã participou de um torneio sul americano de basquete em Curitiba no Ginásio do Tarumã?

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    1. Não sei responder a esta pergunta. Foi algum torneio amistoso.
      O Campeonato Sul-Americano de Basquete Masculino teve 7 vezes ao Brasil como sede, e em todas elas tendo sido realizado nos Estados ou do Rio de Janeiro ou de São Paulo.
      Em 1935, 1939, 1947 e 1961 foi disputado no Rio de Janeiro (2 títulos do Brasil, 1 da Argentina e 1 do Uruguai). Em 1983 foi em São Paulo e em 1993 foi em Guaratinguetá (em ambas com título do Brasil). Em 2004 foi em Campos dos Goytacazas (título da Argentina).

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